sábado, 10 de março de 2012

TEOLOGIA HISTÓRICA - JONATHAN EDWARDS


Afetos da razão: um estudo sobre mente, afetos e vontade em Jonathan Edwards (parte 1)



Afetos da razão: um estudo sobre mente, afetos e vontade em Jonathan Edwards (parte 1)No fim dos anos 1940, um grupo de estudantes de teologia de Oxford, na Inglaterra, passou a reunir-se para estudar certos livros e escritos antigos que haviam deixado o cenário teológico há muitos anos. Este grupo redescobriu autores que haviam caído no ostracismo literário, por assim dizer, e, sua descoberta deu origem, no início da década de 1950, a um dos mais importantes movimentos de renovação teológica e literária que se deu no mundo anglo-saxão nos séculos XX e XXI. Através de uma série de conferências chamadas Conferências Puritanas (depois conhecidas como Conferências Westminster), realizadas na Capela de Westminster e coordenadas pelo jovem estudante J. I. Packer e pelo ministro da capela, o dr. D. Martyn Lloyd-Jones, os autores e a literatura redescobertos foram sendo estudados e seu trabalho e memória honrados e reaproveitados por uma geração de crentes que acabava de sair de um período de guerras e enormes decepções com o prometido avanço da era moderna. Os homens redescobertos? John Owen, Richard Baxter, George Whitefield e Jonathan Edwards, entre muitos outros notáveis puritanos do século XVI ao XVIII.
Esta história é mais bem contada na introdução do livro “Puritanos, suas Origens e seus sucessores”, publicado em português pela Editora PES.1  Este livro reúne ensaios e palestras proferidas por Martyn Lloyd-Jones entre os anos 1959 a 1978, sobre esses grandes homens de Deus, os puritanos, a quem. J. I. Packer chamou de “gigantes de Deus”2  e comparou às grandes sequoias da Califórnia. A série de conferências puritanas foi, portanto, um dos movimentos mais importantes de resgate da teologia e biografia desses homens de Deus que representaram um dos mais áureos momentos da história da igreja. Leland Ryken, em sua obra já clássica sobre os puritanos, Santos no mundo, diz que seu propósito ao estudar os ideais puritanos era, entre outros, o de recuperar a sabedoria cristã dos puritanos hoje e demonstrar como eles devem ser um guia para a igreja para que possamos ver o que significa viver de modo cristão no mundo hoje. 3
E foi na maturidade desta conferência, no ano de 1976, quando dr. Lloyd-Jones já contava com 77 anos de idade – e estava a apenas cinco anos de ser chamado para a glória, que caiu em suas mãos a missão de falar sobre um dos homens mais extraordinários da história da igreja cristã em todos os tempos: Jonathan Edwards. Faz mais de 350 anos que Deus chamou para si este que é um dos mais importantes escritores cristãos da história e o que dele tem sido dito e escrito ao longo deste período ainda não faz justiça à grandeza de seus pensamentos.
Neste estudo procuraremos obter um vislumbre da visão antropológica de Edwards. Há muito que podemos aprender com este grande pensador acerca de como a imagem de Deus no homem se expressa, entre outras coisas, através das faculdades do pensamento, vontade e sentimentos – os quais Edwards chama de afetos. Edwards procura desenvolver uma visão integral do homem – corpo e alma –, demonstrando que não é possível compartimentalizar o homem em feixes ou faculdades – mormente que se opõem uma à outra ou que se submetem uma à outra. Começaremos este estudo falando um pouco sobre a vida deste notável servo de Deus e, mais adiante, analisaremos um pouco de sua antropologia a partir de alguns de seus principais escritos.
1. A vida de Edwards

Jonathan Edwards nasceu em East Windsor, Connectcut, no dia 5 de outubro de 1703 e faleceu aos 54 anos, em 22 de março de 1758, vítima de varíola, contraída após haver se voluntariado para ser inoculado com o vírus, para o desenvolvimento de uma vacina.

Filho de Timothy Edwards e Esther Stoddard Edwards, Jonathan era o único menino numa família de 11 filhos. Seu pai, Timothy, obteve sua graduação em Harvard (1691), serviu por um tempo (1711) como capelão no Canadá durante o conflito entre a França e o Reino unido e exerceu todo seu ministério pastoral em East Windsor (1694-1758). Timothy foi um pai amoroso e um educador meticuloso – ensinou Edwards e outras crianças o latim, o grego, e disciplinas bíblicas e religiosas. Esther Stoddard, mãe de Edwards, era uma mulher “afável e gentil”4,  ela viveu até os 98 anos de idade, e foi considerada “discreta, elegante e afável (...) apreciava os livros e conhecia bem os escritos teológicos”.5  Seu avô foi o famoso pastor Solomon Stoddard, considerado um dos pregadores mais influentes de seu tempo, na Nova Inglaterra.6
Edwards recebeu sua educação no “Collegiate School of Connecticut” (que receberia, mais adiante, o nome de seu benfeitor, Elihu “Yale”), em New Heaven a partir de 1716, com a idade de 13 anos. Durante os quatro anos em que lá permaneceu, Edwards aprendeu as seguintes disciplinas: Grego, Hebraico e Latim, no primeiro ano; lógica, no segundo; ciências naturais e humanas (gramática, retórica, história, astronomia, metafísica, ética, astronomia e geometria) no terceiro e quarto anos .7 Em seguida, Edwards ingressou no curso de mestrado que duraria mais dois anos.
Sua conversão aconteceu em meados da década de 1720, quando, segundo ele mesmo relata, ele passou a ter um “senso das coisas divinas”, o qual, com o tempo, “cresceu e se tornou mais e mais vívido, concedendo-me uma nova docilidade”.8 Em 1722, quando Edwards tinha apenas 18 anos, ele mudou-se para a cidade de Nova Iorque e pastoreou uma igreja presbiteriana por quase um ano. Esse foi um período em que Edwards experimentou crescimento espiritual e firmou sua determinação e chamado para o ministério pastoral. Foi também a época em que produziu suas Miscelâneas (que continha textos científicos e filosóficos), começou a registrar suas Narrativas Pessoais e elaborou suas famosasResoluções – aos dezoito anos de idade – que chegaram a 70 e seriam suas diretrizes para o resto de sua curta vida. Mesmo experimentando essas profundas mudanças em seu coração, sua mente curiosa e efusiva continuava a produzir. Aos 19 anos, em 1723, Edwards produziu um tratado sobre aranhas que ele denominou de The Spider Letter [A carta da Aranha]. Muito de sua vasta produção literária começou neste período e foi até o fim de seus dias. A mente aguçada era aliada de um intenso interesse pela investigação da verdade em todos os seus ângulos.
Edwards casou-se em 1727 com Sarah Pierrepont (1710-1758), filha do respeitado pastor da congregação de New Heaven, James Pierrepont e bisneta do famoso pregador puritano, Thomas Hooker. O casamento incrementou a força e docilidade de Edwards e foi um elemento que levou segurança e conforto à sua vida pelos 30 anos subsequentes. Edwards e Sarah tiveram 11 filhos. Sobre Sarah, Lloyd-Jones diz que foi “tão santa quanto o próprio Edwards”. 9
Edwards assumiu o ministério como pastor assistente em Northampton ao lado de seu avô, o grande Salomon Sotoddard, em 1727, quando este já contava com 83 anos. Dois anos mais tarde, com o falecimento do avô, Edwards foi alçado ao ministério pastoral daquela igreja na Nova Inglaterra, uma das mais importantes e influentes daquela região, naquele tempo. Seu púlpito era vigoroso e sua ação pastoral atingia a todos da comunidade – Edwards foi um evangelista ferrenho e demonstrou grande interesse nas vidas dos membros de sua igreja, mantendo uma agenda intensa de visitações. Ele era dado a longos tempos de oração, não raro saindo para cavalgar e afugentar-se num lugar específico, nos bosques próximos à sua residência, onde passava horas em oração e contemplação. Um avivamento aconteceu em sua própria congregação, em meados de 1730 e, nos anos 1740, época em que Edwards conheceu e associou-se com o pregador e evangelista itinerante britânico George Whitefield, aconteceu o chamado Grande Despertamento, do qual Edwards foi um importante instrumento e entusiasmado defensor. Em 1741, ele pregou uma mensagem em Yale que mais tarde foi publicada sob o título de The Distinguishing Marks of the a Work of the Spirit of God [As marcas distintivas da obra do Espírito de Deus],  10em que dava apoio ao Despertamento e demonstrava os sinais que o distingue.
Em 1750, Edwards experimentou o momento mais difícil de sua vida, quando foi desligado de sua igreja por haver se posicionado contra uma prática implementada por seu avô anos antes, chamada de Halfway Covenant [aliança do meio-termo], que consistia na permissão de que as pessoas participassem da Ceia se exibissem um bom padrão moral em sua vida e fizessem uma confissão básica de fé. Stoddard fizera isso porque ele tinha expectativa que o tomar da ceia poderia ser uma oportunidade de conversão, como, aliás, ocorrera em sua própria experiência. Edwards exigiu que somente crentes professos e que exibissem fruto de salvação fossem admitidos à mesa. Foi despedido. 230 membros votaram por sua saída e apenas 23, por sua permanência.
Edwards tornou-se missionário para os índios e dedicou tempo para a produção literária, tendo produzido neste período algumas de suas obras mais importantes. Em Janeiro de 1758, Edwards aceitou – com relutância – assumir a presidência da recém-fundada, porém já prestigiada, universidade de Princeton, sucedendo seu genro Aaron Burr, que faleceu alguns meses antes. Edwards ficou apenas cinco semanas no cargo, pois faleceu em 22 de março daquele mesmo ano. Sarah, sua esposa, faleceu alguns meses depois e foi sepultada ao seu lado, no cemitério de Princeton.
2. O legado de Edwards

Jonathan Edwards pertence à galeria dos maiores pregadores evangélicos que a história já registrou. Embora ele tenha se notabilizado por seu famoso sermão, “Pecadores nas mãos de um Deus irado” proferido pela segunda vez em 1741, em Enfield, e que precipitou o início do chamado Grande Despertamento do século XVIII, ele foi também foi um dos mais eminentes filósofos – se não o principal de todos – e, possivelmente, o mais iluminado teólogo nascido nos Estados Unidos da América.  Ele foi, durante boa parte de sua vida, pastor congregacional, mas também atuou como acadêmico, escritor, cientista, filósofo e missionário. Iain Murray, em sua conhecida e volumosa biografia de Edwards, logo em sua introdução aponta que, embora as opiniões de eruditos sobre Edwards sejam díspares, não há um estudioso sério de filosofia ou teologia que não reconheça a grandeza de sua produção literária tanto nas áreas de filosofia como de teologia. Murray aponta para o fato de que, segundo uma importante escola de opinião, Edwards teria sido o “primeiro filósofo sistemático e o grande pensador da América”. 11

Todavia, Murray adverte que esta imagem, conquanto tenha seus méritos, não faz justiça a quem Edwards realmente foi. Ele prossegue e afirma que quem o conheceu ou à sua obra, jamais o chamaria, prioritariamente de um “grande filósofo”. Ele deveria ser conhecido, conforme o foi em seu epitáfio no jornal, à época de sua morte, como “um grande mestre da divindade. A divindade era seu estudo favorito e o ministério, seu maior deleite”.12 
O legado de Edwards é, sem dúvidas, uma das maiores heranças deixadas por um homem à sua posteridade desde Agostinho e João Calvinho. Sobre Edwards, John Piper e Justin Taylor disseram o seguinte: “Ele foi a maior das bênçãos que igreja já conheceu em todos os tempos. Sua vida e escritos glorificaram a Deus e aumentaram nossa compreensão de Deus e do gozo nEle. Edwards foi um presente dos céus”.  Este legado também é destacado com realismo e precisão por John Carrick, em sua obra The Preaching of Jonathan Edwards [A pregação de Jonathan Edwards]. Este autor fala em um legado multifacetado, que envolve a teologia, a filosofia e a homilética de Edwards. Cada um deles, conforme coloca Carrick, “mereceriam um lugar significativo na história do intelecto e na história da igreja”. 14
Já D. M. Lloyd-Jones, proferiu uma importante palestra sobre Edwards na Conferência Puritana na Capela Westminster, em 1976, e que foi registrada e publicada numa forma de compêndio que reuniu outras palestras, afirmou o seguinte: 
Em Edwards chegamos ao zênite do puritanismo, pois nele temos o que vemos em todos os demais, mas, em acréscimo, este espírito, esta vida, esta vitalidade adicional. Não que nos outros houvesse completa falta disso, porém é uma característica tão saliente que eu afirmo que o puritanismo chegou à sua mais completa florescência na vida e ministério de Jonathan Edwards.15


Lloyd-Jones prossegue, dizendo ainda mais: 

Receio, com certo pesar, que devo colocar Edwards à frente de Daniel Rowland e George Whitefield. De fato eu tentei, talvez tolamente, comparar os puritanos aos Alpes, Calvino e Lutero com o Himalaia e Jonathan Edwards com o monte Everest! Ele sempre me pareceu o homem mais semelhante ao apóstolo Paulo. Naturalmente Whitefield foi um grande pregador, assim como Daniel Rowland, mas Edwards também o foi. Nenhum deles teve o intelecto, nenhum deles teve a compreensão da teologia, nenhum deles foi o filósofo que ele foi. 16 
Lawson, por sua vez, em seu breve ensaio sobre as resoluções de Jonathan Edwards, diz o seguinte em seu texto introdutório:  
Edwards é considerado o grande personagem na história eclesiástica da America colonial – possivelmente o maior pastor, pregador, filósofo, teólogo, e autor que a América do Norte já teve – Edwards viveu com um grande desejo de experimentar a piedade pessoal. Nessa busca, ele tornou-se um exemplo de disciplina, digno de ser imitado por nós.17  
Um dos biógrafos de Edwards, George Marsden, afirma o seguinte na introdução de sua já famosa e respeitada biografia sobre Jonathan Edwards:  
Edwards era extraordinário. Segundo a estimativa de muitos, ele foi o mais perspicaz filósofo americano e o mais brilhante dentre os teólogos americanos. Pelo menos três de seus muitos trabalhos – Religious Affections, Freedom of the Will e The Nature of True Virtue – permanecem como obras primas na longínqua história da literatura cristã. O apelo de seu pensamento é duradouro.  18 
As citações acima são uma pequena demonstração da celebração que é feita da vida e obra deste eminente norte americano do século XVIII.
Edwards foi um farol cujo brilho até os dias de hoje guia a igreja de Jesus Cristo. Deus o utilizou como um instrumento seu para feitos extraordinários. Ele foi um homem de aguda inteligência, disciplina rigorosa, humildade intencional, fé resoluta, piedade deliberada e profunda, mas, se há algo que possa sumariar a intensa vida deste gigante, é o seu profundo anelo pela glória de Deus. Como bem apontou James Boice, “Edwards defendeu cuidadosa e logicamente de que o propósito supremo de Deus é glorificar a si mesmo em tudo o que faz”. 19 O próprio Edwards faz esta afirmação em uma de suas obras, quando diz que o fim para o qual Deus fez todas as coisas é a sua própria glória. Ele afirma que “tudo que é dito nas Escrituras como o propósito final de todas as obras de Deus pode ser resumido na seguinte frase: a glória de Deus”.  Esse é, afinal, o principal legado de Edwards: fazer tudo para a glória de Deus.20
A tabela a seguir, sumaria para os leitores os principais fatos e escritos da vida de Edwards: 21
 1703 Nascimento, em East Windsor
 1716-20 Graduação na Universidade de Yale
 1720-1722 Mestrado na Universidade de Yale; escreve a obra “Of Being” [Do ser]
 1722-1723 Ministra em Igreja Presbiteriana em Nova Iorque; inicia suas “Resoluções”, suas “Narrativas Pessoais”, sua obra “The Mind” [A mente] e suas Miscelâneas
 1723 Escreve a peça “Spider Letter” [Carta da aranha]; escreve suas “Notes on Apocalypse” [Notas no Apocalipse]
 1725 Escreve sua peça sobre estética “Beauty of the World” [A beleza do mundo]
 1727 Muda-se para Northampton e passa a ajudar seu avô Solomon Stoddard como pastor assistente. Casa-se com Sarah Pierrepont
 1728Começa sua peça “Image of Divine Things” [Imagem das coisas divinas]
 1729 
 Falece Solomon Stoddard e Edwards assume o ministério pastoral de Northampton
 1731 Prega e publica a palestra de Bolton, chamada “God Glorified in the Work of Redemption” [Deus glorificado na obra da redenção]
1734  Escreve a obra “Divine and Supernatural Light” [A luz divina e sobrenatural].
 1737 Escreve a obra “A Faithful Narrative of the Surprising Work of God” [Uma narrativa fiel da surpreendente obra de Deus]
 1738 Escreve a obra “Discourses of Various Important Subjects” [Discursos em vários temas importantes]; Prega a série de sermões intitulada “Charity and its Fruits” [A Caridade e seus frutos]
 1739 Prega “History of the Work of Redemption” [A história da obra da redenção].
 1740 Primeiro encontro com George Whitefield em New England
 1741 Prega o sermão “Sinners in the Hands of an Angry God” [Pecadores nas mãos de um Deus irado] e publica seu trabalho “Distinguishing Marks of the Work of the Spirit of God” [Marcas distintas da obra do Espírito de Deus]
 1742 Obra “Some Thoughts Concerning the Present Revival of Religion in New England” [Algumas ideias sobre o presente reavivamento da religião na Nova Inglaterra]
 1746 Obra “A Treatise Concerning Religious Affections” [Um tratado sobre as afeições religiosas]
 1747 Obras “An Account on the Life of Rev. David Brainerd” [Diário da vida de David Brainerd] e “A Humble Inquiry into the Rules of the Word of God” [Uma pesquisa humilde sobre o governo da Palavra de Deus]
 1750 Desligamento de Edwards de sua congregação
 1751 Estabelece-se em Stockbridge, Massachussets como pastor local e missionário para os índios
 1754 Obra “Freedom of the Will” [A liberdade da vontade]
 1755 Obras “Concerning the End for Which God Created the World” [Fim para o qual Deus criou o mundo] e “The Nature of True Virtue” [A natureza da verdadeira virtude]
1758  Obra “Original Sin” [Pecado Original]
 1758  Torna-se Presidente da Universidade de Princeton em janeiro.
 1758 Em março morre, após haver se inoculado com varíola, em ato voluntário para o desenvolvimento de uma vacina

No próximo mês concluiremos este estudo, tratando da relação entre afetos e razão no pensamento de Edwards.
 _________________________
1  LLOYD-JONES, D. M., Os puritanos, suas origens e seus sucessores (São Paulo, SP: PES, 1993) p. 7-13.
2 PACKER, J. I., Entre os gigantes de Deus (São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 1996) p. 7.
3 RYKEN, Leland, Santos no mundo (São José dos Campos, SP: Editora Fiel) p.13-14.
MARSDEN, George, Jonathan Edwards, a life (Orwigsburg, PE, USA: Yale University Press)p.19
MURRAY, H. Iain, Jonathan Edwards, a new biography (Edinburgh, Escócia: The Banner of Truth Trust, 2003) p. 9-10.
6Ibid., p. 6.
7 Ibid., p. 27.
8Ibid., p. 35 e 36, apud Jonathan Edwards na obra Personal narratives.
9LLOYD-JONES, D. M. Os Puritanos, suas origens e seus sucessores, p. 367.
10Publicado em português como EDWARDS, Jonathan, A verdadeira obra do Espírito; sinais de autenticidade (São Paulo: Vida Nova, 1992).
11MURRAY, H. Iain, Jonathan Edwards, a new biography, p. xix.
12 Ibid.
13PIPER, John e TAYLOR, Justin, A God Entranced Vision of All Things – The Legacy of Jonathan Edwards (Wheaton, Il, EUA: Crossway, 2004), p. 17.
14CARRICK, John, The Preaching of Jonathan Edwards (Edinburgh, Escócia: The Banner of Truth, 2008), p. 2
15LLOYD-JONES, D. M. Os Puritanos, suas origens e seus sucessores, p. 356-357.
16 Ibid., p 361.
17 LAWSON, Steven J. As firmes resoluções de Jonathan Edwards (São José dos Campos, SP: Fiel, 2010), p. 10.
18 MARSDEN, George M. Jonathan Edwards, a life, p. 1.
19LAWSON, Steven J. As firmes resoluções de Jonathan Edwards, p. 63.
20 EDWARDS, Jonathan, “Dissertation on the end for which God created the world”, em Works of Jonathan Edwards, V. 1 (Edinburgh, Escócia: The Banner of Truth Trust, 1979), p. 119 (p.832).
21SMITH, John E., STOUT, Harry S., MINKEMA, Kenneth P. (ed.), A Jonathan Edwards Reader (USA: Yale University Press, 1995), p. xli-xlii.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O “ateu mais famoso do mundo” admite não ter certeza que Deus não existe

Richard Dawkins debateu numa universidade com o arcebispo anglicano sobre o papel da fé

Para muitas pessoas, o biólogo Richard Dawkins é o “ateu mais famoso do mundo”. Autor de best sellers como “Deus: um delírio” e “o Gene egoísta”, entre outros, ele surpreendeu a muitos com algumas declarações na última semana. Na quinta-feira (23), Dawkins participou de um debate com o arcebispo de Canterbury, Dr Rowan Williams, na universidade de Oxford.
Williams é a autoridade máxima da Igreja Episcopal Anglicana, a igreja oficial da Inglaterra. O tema do debate era o papel da religião na vida pública da Grã-Bretanha e foi transmitido pela internet. O filósofo Anthony Kenny serviu como moderador do debate, fez perguntas e interagiu com o público.
Durante o diálogo, que durou cerca de 100 minutos, muitas provocações, mas também respeito mútuo e bom humor. Dawkins reafirmou que para ele Deus é um delírio, mas que não poderia ter 100% de certeza que Deus não exista. Como cientista, ele acreditava que as probabilidades de existir um criador sobrenatural “seriam muito, muito baixas”.
Mencionou o conhecido “espectro de sete pontos de credibilidade teísta”. Nessa tabela, 1 seria a certeza completa e perfeita de que Deus existe. O 7 seria a completa certeza de que ele não existe.
Dawkins afirmou que nenhum cientista poderia saber com convicção absoluta que qualquer coisa não exista, seja Deus ou qualquer outra coisa. Por isso ele, se colocou como 6,9 na escala. Ou seja, não é totalmente ateu. O filósofo Anthony Kenny, interveio: “Por que então você não se chama de agnóstico”. Dawkins concordou que seria melhor.
A repercussão foi imediata na internet, sobretudo no Twitter. O jornal Washington Post deu como manchete “Richard Dawkins disse que não esta completamente seguro que Deus não existe”. Segundo o Post, Richard Dawkins “surpreendeu o público on-line e que estava no teatro ao fazer a concessão de uma brecha pessoal de dúvida sobre sua convicção de que não há um criador”. Disse ainda que Dawkins não teria mais “100% de certeza de que Deus não existe”.
O inglês Daily Telegraph esclarece que se alguém não tem certeza que Deus não existe poderia se denominar agnóstico. Isso mudaria a maneira como Dawkins passaria a ser visto pela comunidade ateísta mundial.
Durante grande parte da discussão, o arcebispo ouviu calmamente as explicações de Dawkins sobre a evolução humana. Em um determinado momento, o religioso disse que foi “inspirado” pela “elegância” das explicações do professor para as origens da vida. O Professor Dawkins então perguntou: “O que eu não consigo entender é por que você não pode ver a extraordinária beleza da ideia que a vida começou a partir do nada. Isso é algo tão incrível, elegante e bonito. Por que você quer estragá-lo com algo tão bagunçado como um Deus? ” O biólogo finalizou, dizendo acreditar ser altamente provável que haja vida em outros planetas.
O arcebispo respondeu que acreditava que os seres humanos evoluíram de ancestrais não-humanos, no entanto, foram feitos “à imagem de Deus”. Também disse que a explicação para a criação do mundo no Livro de Gênesis não poderia ser vista literalmente, mas isso não muda sua fé.
Nas últimas semanas Richard Dawkins tem sido assunto constante na mídia britânica. Primeiro por ter se equivocado durante um debate com o pastor Giles Frase. Acusando os cristãos de sequer saber o nome dos livros da Bíblia, ele se atrapalhou ao ser perguntado pelo pastor qual seria o título completo do mais famoso livro do evolucionismo  “A Origem das Espécies”. Dawkins não soube dizer o subtítulo da obra de Charles Darwin e foi motivo de piada.
Alguns dias depois, o jornal The Guardian publicou uma matéria mostrando que os antepassados paternos do cientista fizeram fortuna explorando a escravidão na Jamaica, em uma fazenda de plantação de cana de açúcar. Dawkins disse na ocasião que não poderia ser responsabilizado por isso e que a mídia está tentando  fazer uma “campanha de difamação” contra ele.
Traduzido e adaptado de The Telegraph e Washington Post

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A glória de Deus no chamado para pregar às nações - Parte I - por Franklin Ferreira, professor de Teologia



A glória de Deus no chamado para pregar às nações
Sermão pregado na 27ª Conferência Fiel para Pastores e Líderes em 4 de Outubro de 2011.
Gostaria de usar o texto de Jeremias 1.4-19 para tratar de três temas vitais ao ministério cristão de ensino: vocação, a pregação e seu conteúdo e a coragem necessária para permanecer firme. Na verdade, gostaria de usar o texto de Jeremias como um texto de formação, que entrelace nossas vocações de ensino à vocação de Jeremias, que nos ajude a recuperar o senso de chamado para pregar a mensagem de Deus às nações. Antes de continuar, fazem-se necessárias algumas palavras introdutórias. Jeremias, que significa “aquele que exalta o SENHOR”, começou seu ministério no reinado de Josias, que iniciou uma reforma e renovação da aliança, de curta duração. Ele pertencia a uma família de sacerdotes e recebeu seu chamado quando tinha dezoito anos, na segunda década do século sétimo a.C., na pequena cidade de Anatote, a cinco quilômetros de Jerusalém. Na verdade, Jeremias viveu em meio a um turbulento momento político na história da região. A Assíria entrou em declínio como império; o Egito tentava recuperar sua influência; e a Babilônia era o poder em ascensão no leste. Pouco depois, Josias foi morto em Megido e, em rápida sucessão, três de seus filhos, Joacaz, Jeoaquim e Zedequias, e um neto, Joaquim, sucederam-no no trono. Por não temerem a Deus, esses reis conduziram o povo da aliança aos eventos mais devastadores da história de Judá, a invasão babilônica, a destruição do templo e o exílio no estrangeiro.
Nós hoje vivemos numa encruzilhada da história. A igreja tem crescido globalmente. Aqui no Brasil há muitos pastores devotos, crentes sérios, igrejas saudáveis, sinais da obra do Espírito Santo. Ao mesmo tempo, há superficialidade e infidelidade bíblica, traição ministerial, divisões, idolatria por crescimento de igreja. Na esfera pública temos governos populistas, corrupção, pessoas morrendo nas portas de hospitais, violência crescendo sem parar e impunidade ampla, geral e irrestrita. Há preocupantes sinais de ameaças à liberdade de culto e de expressão. Diante desse quadro, (1) qual deve ser a imagem cultivada por aqueles chamados a obedecer à ordem de pregar a palavra de Deus? (2) Qual deve ser o conteúdo de tal mensagem? (3) Como aqueles chamados a pregar essa soberana Palavra devem se portar?
Vocação (4-8)
4-7: O relato começa com a afirmação “a mim me veio, pois, a palavra do SENHOR” (1.4). Essas palavras ou expressões equivalentes ocorrem outras vezes no livro (7.1; 11.1; 14.1; 16.1; 18.1). A palavra way’hi (“continuou a vir”) sugere que este chamado veio não de forma súbita, mas de forma persistente. “Antes que eu te formasse”: estas primeiras palavras do SENHOR a Jeremias revelam que foi iniciativa de Deus o fato dele ter sido escolhido para ser profeta. O nome de Deus domina a cena: nessa pequena passagem o nome do SENHOR é citado doze vezes! Ele o predestinou para anunciar a mensagem, e antes mesmo de seu nascimento, Jeremias foi consagrado (“separado”, “santificado”) por Deus para essa tarefa (1.5; cf. Gl. 1.15). Desde a concepção até a consagração Deus tinha preparado cada etapa do processo, conhecendo todas as necessidades e sabendo como supri-las. Em outras palavras, Jeremias recebeu o caráter e a personalidade necessários para a obra profética. “E te constituí”: significa “dei”, isto é, antes mesmo de Jeremias nascer ele foi dado. Essa é a maneira de Deus agir. Ele fez isso com seu próprio Filho, Jesus Cristo (Jo 3.16). Deus o ofereceu às nações. Deus continua enviando aqueles que ele chama a pregar às nações, em obediência ao chamado e em imitação a seu Filho (1Co 11.1).

Por outro lado, a reação de Jeremias mostra que ele não era voluntário (1.6). Ele menciona sua idade: “Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança”. Na verdade, ele não queria dizer que era uma “criança”, mas que ainda não chegara aos trinta anos, que era o tempo quando os levitas iniciavam oficialmente seu ministério, sendo, portanto, muito jovem para atender o chamado. Mas Deus responde a objeção: “Não digas: Não passo de uma criança” (1.7). A compreensão de que ele tinha sido escolhido como instrumento da revelação de Deus para uma geração endurecida forneceu a convicção de que sua missão provinha de Deus, e levou-o a proclamar a palavra do SENHOR a uma nação teimosa e rebelde. E ele recebeu forças da comunhão constante com Deus em oração (cf. 12-20, as cinco “confissões” de Jeremias). “Porque a todos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar falarás”: Quanto mais próximo do exílio, o cumprimento da profecia, mais sua timidez inicial é substituída por coragem, o que mostra o quanto ele amadureceu em sua vocação.
8. Os servos de Deus recebem muitas vezes a ordem “não temas”, como Abraão (Gn 15.1), Moisés (Nm 21.34; Dt 3.2), Daniel (Dn 10.12, 19), Maria (Lc 1.30), Simão (Lc 5.10) e Paulo (At 27.24). Diante do medo, uma emoção terrível e paralisante, Deus assegura que sustentará seu servo. Jeremias não estaria livre de oposição e até de perigo físico, porém cumpriria seu ministério em todas as dificuldades, porque Deus estaria com ele para fortalecê-lo. Portanto, Jeremias submeteu-se à sua vocação. E mesmo sem sair de Jerusalém, ele seria um profeta às nações – a mensagem de Deus ecoaria por Egito, Filistia, Moabe, Amom, Edom, Damasco, Quedar, Hazor, Elão e Babilônia (46-51). Talvez, como Jeremias, nunca viajemos para fora de nosso país para anunciar a mensagem de Deus. Mas podemos ser instrumentos para levar a Palavra de Deus às nações.
Parece que o estilo de vida dos homens que exercem hoje a vocação profética no Brasil está em ruínas. Esta vocação proclamadora foi substituída por estratégias comandadas por burocratas religiosos munidos de planos de negócios. Pensa-se hoje no pastor como alguém “que faz as coisas” ou que “faz as coisas acontecerem”. Pastores construtores de templos. Pastores administradores. Pastores executivos. Pastores seniores. Essa definição se aplica aos modelos básicos de liderança em nossa cultura: políticos, homens de negócios, celebridades e atletas. Mas nossa vocação precisa ser modelada por Deus, pelas Escrituras e pela oração. O elemento central da vocação profética não é de alguém “que faz as coisas”, e sim de alguém colocado na comunidade para estar atento e chamar a atenção ao que Deus fala em sua Palavra, palavra de juízo e denúncia, mas palavra de graça, misericórdia e renovação.
Neste sentido, precisamos relembrar: Deus chama alguns membros da santa comunidade sacerdotal para pregar o evangelho, as boas novas da livre graça de Deus. Essa vocação é uma obra interna de Deus, que chama os servos da Palavra. E embora seja interno, o chamado para o ministério inevitavelmente virá acompanhado por um testemunho externo. Ou seja, aqueles chamados para a pregação da Palavra demonstrarão dons e aptidões para o exercício do ministério. Eles são equipados pelo Espírito Santo para pastorear, evangelizar, pregar e ensinar – e frutos visíveis serão evidenciados por conta desse chamado interno. E será confirmado diante da igreja este chamado interno, por conta dos frutos externos da obra da graça que já aconteceu interiormente. Portanto, a vocação profética não pode ser reduzida a mero trabalho. Este pode ser quantificado e avaliado. Pode-se dizer se este chegou ao fim ou não, assim como se pode ser contratado ou despedido. Uma vocação não é um trabalho. A vocação profética é sobre a pregação da Palavra, sobre a administração dos sacramentos, sobre chamar o povo de Deus a adorar o Pai, Filho e Espírito Santo. Lembrar semanalmente à comunidade da fé os privilégios e responsabilidades da aliança.
Karl Barth afirmou que quem não houver sido chamado para pregar, que se abstenha totalmente de fazê-lo, pois não será pequeno mal que causará se subir ao púlpito sem haver sido escolhido por Deus para isto. Por outro lado, se você foi chamado para anunciar a santa Palavra, você só tem um, e um único oficio: anunciar fielmente “todo o desígnio de Deus” (At 20.27), portando-se como alguém que pertence exclusivamente ao SENHOR.
2. Conteúdo e Pregação (9-16)
9-10: Tocando na boca do jovem, Deus simboliza a comunicação de sua mensagem. Agora o SENHOR proclama sua mensagem às nações tendo Jeremias por arauto. Para transmitir esta mensagem, Deus usa metáforas baseadas na agricultura e na construção, constituída por três pares de verbos, os dois primeiros negativos e o terceiro positivo: o profeta deve arrancar e derribar, destruir e arruinar para então edificar e plantar (1.10). Toda a corrupção na nação deve ser arrancada e derrubada, e somente depois disto é que se pode edificar e plantar de novo. Portanto, a mensagem do profeta teria duas funções. Em primeiro lugar, essa mensagem era uma declaração sobre a maldição da aliança que seria executada em seu devido tempo (Dt 28.1-68). Em segundo lugar, as bênçãos da aliança se tornariam realidade. Deus quer renovar, reconstruir e restaurar seu povo, mas antes da renovação é necessária a remoção radical do pecado e da infidelidade à aliança e eleição. A ruína é inevitável, enquanto a nação persistir no pecado, mas a palavra de renovação oferece esperança de restauração. Usando a linguagem do Novo Testamento, Deus tem primeiro de remover o pecado, antes de o pecador começar a crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo.

11-13: Jeremias, entretanto, é humano. Ele reage inicialmente com medo e inadequação. São reveladas então a Jeremias duas visões inaugurais. A primeira é a de “uma vara de amendoeira” (1.11). Em hebraico, a palavra “amendoeira” (shaqéd) e o verbo “eu velo sobre” (shoqéd) têm som semelhante. Há um jogo de palavras aqui que ilustra a prontidão com que Deus cumpre suas promessas. Sempre que o profeta visse a cada primavera uma amendoeira em flor, ele seria lembrado de que o SENHOR está observando para assegurar que sejam cumpridas todas as palavras transmitidas em seu nome (1.12). A segunda visão tinha um tom mais sinistro, “uma panela ao fogo” (ou “fervendo”), literalmente uma panela sobre a qual alguém sopra, e cuja boca se inclina do Norte, indicando que seu conteúdo se derrama em direção ao sul (1.13). Essa visão indica a invasão babilônica, que virá do norte (20.4).
14-16: O exército da Babilônia executará o propósito de Deus de punir a idolatria de Judá e a quebra da aliança do Sinai. O verbo qtr, “queimar incenso” (1.16), é usado em outras passagens significando queimar a gordura dos sacrifícios (cf. 1Sm 2.16; Sl 66.15). A tensão entre o culto aos ídolos e a adoração exclusiva ao SENHOR chegaram ao clímax. A guerra viria para interromper um modo de vida inútil, impuro e indolente, obrigando o povo a voltar seus olhos para o que é essencial e eterno. Mas Jeremias não vai trazer o fim por meio da espada ou da ação política. Ele é chamado a proclamar a palavra do SENHOR quantas vezes for necessário, custe o que custar, e um alto preço será exigido dele.
Aqueles chamados ao ofício de anunciar a palavra de Deus não são chamados a trocar a mensagem da aliança pelo discurso político. Nenhuma ideologia é absoluta e nem pode ser confundida com o evangelho. Sempre que a igreja ou mesmo pastores e teólogos identificaram determinada ideologia com o reino de Deus ou com a mensagem bíblica, essa foi não apenas distorcida, mas acabou sendo perdida. Portanto, a preocupação primeira daqueles chamados a anunciar a Palavra de Deus não é tanto com a mudança da sociedade civil, mas com a reforma e renovação da igreja por meio da mensagem de Deus. Aqueles chamados ao ofício de anunciar a palavra de Deus não são chamados para lidar com aqueles que ouvem e se submetem à mensagem profética como se fossem problemas. É fácil reduzir as pessoas a problemas, pois na maior parte das vezes é fácil solucionar esses problemas. Mas os profetas são chamados a conduzir as pessoas dos ídolos a Deus, da rebelião para a aliança, por meio da Palavra, da adoração e da oração. Aqui somos meros instrumentos nas mãos de Deus. As pessoas não devem ser vistas como problemas em busca de solução, mas como pecadores que podem ser renovados à imagem de Deus. Portanto, a vocação é sobre conduzir as pessoas a Deus, por meio de sua Palavra, em humildade. Trata-se de permanecer junto ao povo.
A tentação à qual os profetas estão sujeitos é considerar Deus uma mercadoria, utilizá-lo para legitimar a idolatria (cf. 23.21-40 AM). Qual é, então, o conteúdo da mensagem profética? Deve-se conhecer o SENHOR (8.7; 24.7; 31.31-34). Este se dá por meio do Messias, o Renovo de Justiça, descendente de Davi, que executa juízo e justiça na terra (33.14-18), a fonte de águas vivas (2.13), o bálsamo de Gileade (8.22), o Bom Pastor (23.4), o Renovo Justo (23.5), o SENHOR justiça nossa (23.6), aquele que trará a nova aliança (31.31-34). E este novo conhecimento redunda em preocupação pelo aflito e necessitado e na prática da justiça e retidão.
A mensagem profética é o convite para “voltar” (4.1-2; cf. 9.24; 22.2, 13, 15; 23.5; 33.15). Este termo e cognatos é usado quase cem vezes neste livro e é o significado literal da palavra “arrependimento”. Implica voltar-se dos próprios caminhos para a aliança (6.16), é um chamado à comunidade para um retorno à “verdade”, “juízo” e “justiça”. Em suma, o povo é chamado ao arrependimento e ao conhecimento de Deus por meio do Messias. E o remédio de Deus para o coração enfermo (17.9) será gravar sua lei no coração da nova comunidade (31.31-34). Portanto, o verdadeiro profeta é aquele que procura distanciar o povo do mal, enfatizando as exigências de Deus na aliança (23.14, 22).
Usando a linguagem do Novo Testamento, aqueles dentre nós chamados ao santo ministério da Palavra, devem pregar as realidades grandiosas e magníficas de Deus e do Espírito Santo, da Escritura e da criação, da cruz de Cristo e da aliança, da salvação e de uma vida santa, a oração, o batismo, a santa ceia. E isso deve ser pregado no púlpito, nas salas de aula e na visitação pastoral, ansiando por vidas moldadas pela Palavra de Deus, renovada pelo Espírito Santo, de uma humildade disposta ao sacrifício, que erguem a Deus um louvor santo, sofrendo sem perder o contentamento, orando sem cessar, perseverando na santidade.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pastor Nadarkhani está livre da sentença de morte

Apesar da Embaixada do Irã ter anunciado que ele está livre da pena de morte, o seu futuro é incerto.O caso do pastor Yousef Nadarkhani, 34 anos, foi levado à Assembleia Geral de Assuntos Sociais da ONU. Ele foi condenado a pena de morte pelo governo do Irã, em setembro deste ano, com a acusação de ter abandonado a religião islâmica. A acusação é devido a conversão de Yousef ao Cristianismo, quando ele tinha 19 anos de idade.
O representante do “Comitê de Assuntos Humanitários”, Ahmed Shaheed, pediu ao Governo do Irã que libertasse o pastor: “Estamos particularmente perturbados por uma recente decisão do Supremo Tribunal (do Irã) de ter sustentado uma sentença de morte para Yousef Nadarkhani, um pastor protestante que supostamente nasceu de pais muçulmanos, mas se converteu”. O pastor foi detido em 2009, quando tentava registrar a sua igreja na cidade. A Embaixada do Irã no Brasil informou que o pastor Yousef Nadarkhani está livre da sentença de morte, mas continua preso.
Sua primeira condenação à morte aconteceu em 2010, mas a Suprema Corte do Irã interveio e conseguiu adiar a sentença. Ao ser revisto, o processo resultou na mesma condenação ao fim do sexto dia de audiência. O pastor pode ser solto caso se converta, mas ele se recusa a negar a sua fé.

Apesar da Embaixada do Irã ter anunciado que ele está livre da pena de morte, o seu futuro é incerto. O Centro Americano de Lei e Justiça, ACLJ, informou recentemente que o Serviço Secreto do Irã estaria oferecendo livros e folhetos muçulmanos ao pastor, mas suspeita-se que a intenção não seja apenas de tentar convertê-lo, mas de fazer com que ele ofenda o Islamismo, para ter provas de que ele desrespeitou a religião oficial do país e executar a pena de morte.
Outro caso de cristão executado por questões religiosas no Irã que teve repercussão mundial foi o do pastor da Assembleia de Deus, Hossein Soodmand, em 1990. O informativo de 2010 de Liberdade Religiosa no Mundo afirma que cerca de 350 milhões de cristãos sofrem perseguição ou discriminação, e 200 milhões destes correm risco de morte.
FonteChristian Post
TraduçãoLucas Gregório